quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O veneno alheio... correndo em nossas veias


Esse está sendo um dia atípico para mim. Geralmente não fico triste quando termino de ler um livro, mas hoje, como eu disse, é um dia atípico. Contudo, esse é um assunto para um próximo post.

O tema desse girará em torno de uma conversa que tive com uma colega de trabalho (e uma pessoa que está se mostrando uma grande amiga também) ontem. Até aquele momento, era um dia normal como todos os outros. Mais um dia enrolando até às 17h. Lutando contra a preguiça e o sono.

Depois de questioná-la sobre um procedimento que sabia que estava errado, ela me chamou num canto e disse que, já que todos os outros funcionários estavam fazendo suas tarefas de qualquer jeito e ninguém verificava para posteriormente corrigir os erros, ela não via motivo para se esmerar nas tarefas que lhe eram passadas. Juro que fiquei tentado a apoiar sua conduta com essa justificativa. Tive saudades da minha época de estagiário, quando o mundo era uma maravilha e todo o trabalho para mim era uma nova lição. Fazia tudo com gosto, sem reclamar ou discutir.

Mas isso já faz quase três anos. Era mais imaturo e a biblioteconomia era mais um hobby do que meu "ganha-pão". Mais tarde naquele dia, chamei essa amiga para conversar e contei uma história que, na verdade, era a minha história naquele lugar: cheguei empolgado, disposto a aprender a cada dia e, assim, me ajudar a não desistir de vez do curso que, até aquele momento (3º semestre), me parecia técnico demais.

Depois de algum tempo, quando já tinha ganhado alguma confiança, vi que o fascínio pelo trabalho estava no fim. Logo tudo era só um monte de métodos repetitivos. Quando me indicaram para a vaga de Assistente que se abriria, pensei durante um mês inteiro sobre as vantagens e desvantagens. Acabei aceitando porque o salário maior, no final das contas, compensava. Mas meu ânimo com relação ao trabalho foi cada dia definhando mais. Era difícil ser cobrado para fazer minhas tarefas e ver que as outras pessoas, que tinham o mesmo cargo que o meu, ficavam enrolando, faltando, fazendo ligações para casa para conversar com o pai, a mãe, o cachorro, o papagaio, etc. E NINGUÉM DIZIA NADA!!!

E esse é o meu presente. Faço as minhas tarefas quando tenho vontade, não me esforço nem 50%, faço várias pausas para tomar café e água. Volto para casa, recebo "a parte que me cabe do latifúndio" e ponto. Mas a alegria, a diversão, se foram...

Hoje, essa mesma amiga me disse que pensou muito no que havia dito e resolveu que vai fazer a parte dela, sem se deixar contaminar pela preguiça alheia, ou se conformar num canto. Fiquei muito contente. Naquele instante vi novamente aquele garoto cheio de disposição entrando pela porta daquela biblioteca, sedento por conhecimento.

Parece que nossas vontades, anseios e sentimentos envelhecem juntamente com o restante do corpo.


H (contaminado até os ossos... lucido até de madrugada)

Um comentário:

The Owl disse...

Putz, se eu já sinto isso no estágio imagine quando for trabalhar "de verdade" então...
No começo eu me esforçava muito, mas quando percebi que não aprenderia mais nada e que trabalhava mais que as minhas chefes, larguei de mão.
Me sinto mal por isso, mas o entusiasmo inicial nunca mais vai voltar...