sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Diretores - David Lean


"Todos os elementos da filmagem conduzem a um resultado muito simples: entreter as pessoas. Mas, são as emoções humanas, e não os circos, que formam uma grande imagem." [D. L.]

David Lean nasceu no Surrey, região da Grande Londres, Inglaterra, em 25 de março de 1908. Vindo de uma família tradicional, foi muito repreendido, durante sua infância e adolescência, principalmente pelo fato de demonstrar uma grande adoração pela sétima arte. Seus familiares não viam esse gosto com bons olhos. Achavam que era algo para desocupados e pessoas sem futuro.

E, como tudo que é proibido ganha ainda mais almejo, sua paixão só cresceu. Chegou a tal ponto que, aos 20 anos, ele decidiu largar sua carreira de contador e se lançou de cabeça no mundo do cinema.

Começou por baixo, como ajudante geral dos estúdios Lime Grove, onde fazia um pouco de tudo. Desde servir chá até carregar pesadas latas de negativos. Nos 15 anos seguintes, foi galgando pequenas brechas e oportunidades. Era esperto, curioso e muito esforçado, qualidades que logo foram reconhecidas e recompensadas.

Em meados da década de 1930, chegou ao posto de editor dos noticiários que passavam antes das sessões de cinema. Pode parecer um trabalho chato, mas exigia muito conhecimento técnico e ele o possuía com maestria. Quatro anos depois, foi convidado pelo diretor francês Marcel Varnel a editar seu primeiro filme em língua inglesa, "Freedom of the Seas". Começava aí sua "real" carreira no cinema nesse posto que, só foi interrompida em 1942, quando ele decidiu dar um passo além e assumir a direção de "Nosso Barco, Nossa Alma", aceitando o convite do ator/roteirista Noel Coward. O filme traz uma análise psicológica de um grupo de náufragos, enquanto esperam por resgate.

A parceria dos dois ainda rendeu outros três filmes, com destaque para "Desencanto", pelo qual ganhou o grande prêmio no Festival de Cannes de 1946. Nesse mesmo ano, a parceria é encerrada.

"Grandes esperanças", de 1946, além de ser conhecido como a estréia de Alec Guinness na telona, marca a primeira adaptação por David Lean de um conto de Charles Dickens. O filme foi um sucesso de crítica, faturando três Oscars.

Depois de quase uma década fazendo produções medianas, surge o filme que mostrou, para quem ainda tinha dúvidas, que Lean era um dos melhores diretores da época: "A Ponte do Rio Kwai", de 1957. Sucesso é pouco para descrevê-lo. Vencedor de 7 Oscars, deu a David Lean o reconhecimento (não que ele precisasse!) que merecia. Logo Alec Guinness se tornou seu ator favorito. Ao todo, ator e diretor estiveram juntos em 5 películas. Certa vez, ao comentar sua incursão ao set de filmagem do (sensacional!) "Lawrence da Arábia", de 1962, um jornalista inglês disse: "quem não soube, diria que eles [David Lean e Alec Guinness] se tratavam como pai e filho."

Muito detalhista e apaixonado por épicos, David Lean trouxe em seus filmes mais destacados uma característica que o marcaria e consagraria ao mesmo tempo: o choque entre culturas diferentes. Principalmente a surpresa e falta de tato da "experiência inglesa" diante do desconhecido trazido por outra cultura.

Em 1984, após terminar as gravações de seu "Passagem para a Índia", recebeu o título de Cavalheiro do Império Britânico (Sir.). Passou os sete anos seguintes tentando adaptar o livro "Nostromo", do escritor inglês Joseph Conrad (que também escreveu o ótimo "O coração das trevas"!). Já tinha até elenco escolhido quando, 6 semanas antes do início das gravações, David Lean morreu de câncer, em 16 de abril de 1991.

Ao longo de sua vida, diferentemente de muitos outros diretores, conquistou o respeito e admiração de vários colegas como Stanley Kubrick, Sergio Leone e Sydney Pollack; além de inspirar outros, como George Lucas e Steven Spielberg.

Alguns de seus filmes que eu recomendo:

* Desencanto (1945)
* Grandes Esperanças (1946)
* Quando o Coração Floresce (1955)
* A Ponte do Rio Kwai (1957)
* Lawrence da Arábia (1962)
* Doutor Jivago (1965)
* Passagem para a Índia (1984)

H (a marchinha de "A Ponte..." é inesquecível!)

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