sábado, 5 de setembro de 2009

Diretores - David Lynch



Idéias são como pescar: você precisa de isca e anzol. Se você quiser pegar um peixe pequeno, você não precisa ir muito longe. Por outro lado, se quiser pegar um peixe grande, você tem que ir mais fundo.”[D.L.]

David Keith Lynch nasceu em Missoula, uma cidadezinha do noroeste dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 1946. Filho de agricultores, teve uma infância nômade pelo interior do país. Influenciado por isso, pelas belas paisagens que viu e, principalmente, depois de conhecer o pai de um amigo que era pintor profissional, Lynch começou a nutrir o sonho de se tornar um. Assim que terminou os estudos básicos, especializou-se sobre o tema numa academia de arte.

Em busca de maiores inspirações, largou o curso e fez uma viagem de quase 2 anos pela Europa Ocidental. Quando voltou, resolveu retomar os estudos, entrando na Academia de Belas Artes da Pensilvânia. Em 1967, casou-se com uma colega de curso, com quem teve sua primeira filha (a também diretora, Jennifer Chambers Lynch).

Reza a lenda que sua aproximação com o cinema se deu numa experiência que teve quando, ao observar um de seus quadros, ouviu o vento soprar, e era como se a folhagem na pintura estivesse se movendo. Percebeu, assim, a maior limitação das artes plásticas (a imobilidade). Decidiu, então, incluir movimento em seus quadros, e, em 1966, fez seu primeiro curta de animação, “Six Figures Getting Sick”, onde seis cabeças esculpidas por ele aparecem vomitando 6 vezes seguidas. Em 1971, começou a trabalhar na produção de seu primeiro longa-metragem, “Eraserhead” (1977). E não foi tarefa fácil, tomando seis anos de sua vida para a sua conclusão, além do final de seu casamento. Muitos enxergam nesse filme uma história autobiográfica, que mistura o tão famoso mundo bizarro de Lynch com a arte do stop-motion.

Entre o público que o filme atraiu (pouco mais de meia dúzia.. rs), estava o produtor Mel Brooks. Este já estava há um bom tempo querendo produzir um filme baseado numa história real, porém, não conseguia encontrar o diretor perfeito para a película. As idéias que surgiram a partir das conversas entre Lynch e Brooks, fez esse último desistir de creditar seu nome da produção (com medo que sua fama de comediante desse às pessoas a impressão errada sobre o filme). Impossível dizer se essa atitude influenciou ou não no sucesso que “O Homem Elefante” conseguiu atrair em público e crítica. Indicado a oito Oscar® (inclusive o de Melhor Diretor), conta a história real de John Merrick, um homem na Inglaterra vitoriana nascido extremamente deformado, e usado como aberração circense.

Seu próximo trabalho (a ficção-científica “Duna”, de 1984) foi um fracasso. Porém, Lynch foi esperto: ao fazer o contrato de “Duna” com seu produtor, Dino de Laurentis, ele concordou apenas caso a produtora bancasse seu próximo filme, e lhe desse total liberdade de produção. Dessa segunda parceria dos dois, nasceu o filme que botou por definitivo a carreira do diretor nos holofotes: “Veludo Azul”. Tendo como cenário uma das óticas preferidas do diretor (uma calma cidadezinha interiorana), conta a história de Jeffrey, um pacato cidadão de uma aparente perfeita cidade que, ao descobrir num descampado uma orelha humana, se vê cercado pelo submundo do crime que habita a cidade, indo de encontro ao psicopata Frank e à cantora Dorothy. Todo o sucesso do filme rendeu-lhe sua segunda indicação à Melhor Diretor no Oscar®, e começou aqui sua eterna parceria com o compositor Angelo Badalamenti.

Quatro anos depois, David Lynch foi convidado a fazer um seriado de televisão nos mesmos moldes de seu último filme, e, numa perfeita parceria com o roteirista Mark Frost, surge “Twin Peaks”, um seriado que se tornou amplamente cultuado e redefiniu o conceito de programa televisivo. Aqui temos novamente a cidade de interior, localizada na fronteira oeste dos Estados Unidos com o Canadá. Tudo começa quando é encontrada morta Laura Palmer, adorada garota da cidade e líder de torcida, embrulhada em plástico e com sinais de estupro e uso de drogas. Isso leva à cidade o agente do FBI Dale Cooper para investigar o caso, e lentamente percebemos que todos na cidade têm algo para esconder. Lynch dirigiu apenas o primeiro episódio, já que estava entretido na produção e divulgação de seu novo filme.

Em 1990, apresenta “Coração Selvagem”, uma adaptação do livro homônimo de Barry Gifford. No ano seguinte, o filme é exibido no Festival de Cannes e recebe a Palma de Ouro®. A partir daqui, o diretor entra numa jornada de idas e vindas, entre Estados Unidos e França, lançando trabalhos, ao mesmo tempo, cultuados e severamente criticados.

Há quem diga que Lynch não é um diretor de cinema, e sim um artista que se utiliza do meio cinematográfico para se expressar. Não que não seja verdade, mas suas obras, até pelo seu passado artístico, são bem mais profundas do que aparentam.

Não chegam a ser obras surrealistas por completo. O que temos em Lynch é uma constante busca pela imagem arrebatadora e inesquecível, cuidadosamente trabalhada, e que, por vezes, utiliza-se do surreal e do obscuro para causar impacto, e fazer-nos entrar no clima.

Quem quiser saber mais sobre o artista David Lynch, pode acessar o seu site aqui.

Alguns de seus filmes que eu recomendo:


H (demorou, mas ele saiu!)

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