quarta-feira, 24 de março de 2010

A vida que (não) quero


Talvez não exista nada mais comum (e irritante) do que o nosso constante autoquestionamento. Seja para o bem ou para o mal, mais cedo ou mais tarde, ele sempre está por lá, rondando sua consciência (e, às vezes, até seu subconsciente) atrás de algum traço de fraqueza para se alimentar.

No meu caso, excetuando o caso do meu nome, ele teve início nas cercanias dos 10 anos. A maldita da professora (na época, da 4a série) inventou de passar um questionário com perguntas do tipo “O que você quer ser quando crescer?”; “Qual seu maior sonho?”, e daí para pior. Um subjetivismo e particularidade de dar inveja a qualquer BBB. E, para piorar mais, ainda tínhamos que devolver assinado pelos pais. Ou seja, meus velhos teriam que ler a merda que eu iria escrever!

Eu, ingênuo demais, nem fazia ideia do que gostaria de ser. Por outro lado, sabia muito bem o que não queria: servir ao exército e seguir a profissão do meu pai. E foi isso que escrevi. Nem preciso dizer a porcaria que deu, né?! Aqui teve início a nossa épica e angustiante “guerra dos 8 anos”, que, por ser irrelevante ao tema desse post, deixarei maiores explicações para um próximo (se ele existir, lógico!).

Apesar de pouco elucidativo, essa passagem remete bem aquilo que quero dizer: algumas vezes, somos (forçadamente) compelidos a prerrogativas nada saudáveis. Pelo amor de Deus! Vocês hão de concordar comigo que 10 anos não é, nem de longe, a idade adequada para se começarem esses questionamentos existenciais.

Ao comparar minhas respostas com as dos demais colegas de classe, instintivamente, me senti como um alien; uma anomalia escrota, distinto (e no pior significado que o termo remete) de qualquer coisa viva que já habitou esse planeta. Mesmo assim, não me arrependo do que fiz. Graças a isso, não me tornei um vândalo, grafiteiro, drogado ou (e pior de todos!) pagodeiro.

Hoje, me considero normal (coisa que, por si só, já é muito genérico) justamente por não ter sido “comum”. Minha diferença foi desencadeada pelos autoquestionamentos que se sucederam ao citado no princípio do post. Comecei a não aceitar o geral, o mediano como regra básica para meu desenvolvimento. Eu até poderia não saber exatamente qual (ou quais) seriam os caminhos que gostaria de seguir a partir de um certo ponto. Mas, por outro lado, tinha bem claro qual eu nem tentaria seguir.

Posso não curtir muito o estágio em que minha vida se encontra agora (pois é, afinal, biblioteconomia não foi uma escolha). Porém, se estou assim, é porque o fiz sozinho. Minhas escolhas não foram influenciadas pelo gosto “da maioria”. Teria, realmente, seguido o rumo errado se soube o que fazer do meu futuro.

Mas, enfim, sapiência e arrogância nunca foram os verbetes mais consultados do meu dicionário.


H (walk my way)


* Imagem retirada daqui

Um comentário:

Rick Moura disse...

Certamente foi a mesma pofessora que deu aula para mim. Ah Aga! Ela não era tão maldita assim rsrs. Mas me lembro que naquela época meu sonho era ser motorista de táxi.