quarta-feira, 3 de novembro de 2010

My best dream* - post convidado


Salvador Dalí , Dream provoked by the flight of a bumble bee


Hoje eu me achei no direito de compartilhar com você algo que escrevi há alguns dias. Sei que não nos falamos há um bom tempo, por isso ele servirá para quebrarmos o gelo e trocarmos algumas palavras. Espero que você goste. Tudo começa mais ou menos assim:

De repente, despertei e me vi como um rei no meu castelo de cartas, construído bem fundo, no fundo do mar. Tudo contrastava belamente: o branco, vermelho e preto (do meu castelo) com o azul do oceano. Quando dei por mim, começou a nevar. Pequenos grãos de açúcar caiam vagarosamente, cada um no formato de um animal. Meu olhar se ateu em um deles e logo lá estava eu, cavalgando rumo a linha de chegada. Assim que a cruzei, meu cavalo ganhou asas e migramos para o sul nos orientando pelas estrelas cadentes que apareciam no horizonte. Num descuido, me desequilibrei e cai num funil formado de nuvens. Estendo meu braço e percebo de imediato: elas não eram feitas de algodão como sempre acreditei. Eram pequenos caleidoscópios formando desenhos lindos à medida que a gravidade fazia seu papel comigo. Esse eterno cair só teve fim quando vislumbrei um navio fantasma que navegava tranquilamente, rasgando esse céu vitral. Resgatado, cruzamos desfiladeiros de chaves, atrás daquela que abriria a caixinha de música pendurada no meu pescoço. Pelo tamanho da tal chave, era como procurar uma agulha num palheiro. Ficamos nisso o dia todo: Papai Noel, minha vizinha do 503, o pessoal da banda e eu. Quando finalmente a encontramos, tomou a forma de um cachorro que logo saltou sobre mim, dizendo “não jogue fora.. viva!”. Num movimento rápido, arranquei a chave da sua coleira e abri a caixa. Lá dentro, para minha surpresa, estava uma miniatura de mim ensinando Beethoven a tocar bateria. Contemplei a cena maravilhado. O som era tão harmonioso, que fui adormecendo aos poucos, a música ficando cada vez mais inaudível. Acordei num pulo, com o som estridente do meu despertador.

Agora você deve estar se perguntando porque lhe escrevi tudo isso. Afinal, qual a importância desse sonho? E, ainda mais, qual a minha (sua) relação com toda essa falta de nexo?

E eu lhe pergunto: sabe qual foi a melhor parte desse sonho?! Certamente você desconhece. Mas eu lhe digo: pela primeira vez em três meses, eu não sonhei com você ou com qualquer lembrança relacionada a sua pessoa. E isso foi um alívio. O melhor sonho que já tive.


Rebecca Ruiz


* Escrito, originalmente, em 15/10/2000; Modificado (em pequenas partes) em 28/10/2010.

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